Recentemente vi o documentário de que todos falam: The Social Dilemma. Fiquei desconfortável com esta verdade, mas reuni dicas para lidar com esta tecnologia.
As redes sociais já estão connosco há mais de dez anos. É muito pouco, mas transformaram vidas e comportamentos. Mas quando se trata de tecnologia, há um debate acesso: as redes socias são boas ou más?
Este debate não é antigo, de todo. Vários filósofos pensaram sobre se o ser humano era um ser bom (e portanto era corrompido pela sociedade para ser mau) ou se é um ser mau – e por isso a maldade sempre este consigo.
No panorama das redes sociais, este debate foi reaceso por um documentário.
The Social Dilemma mostra como grandes empresas estão a manipular as pessoas
O documentário disponível na Netflix Portugal mostra como uma pequena equipa de designers conseguem mudar as suas redes sociais para manipular as pessoas, criar vícios e espalhar teorias da conspiração, apenas para propósitos de lucros.
É possível ver como as redes sociais têm um efeito nefasto nas pessoas, principalmente em adolescentes. Tal como indica o website oficial, um estudo com 5000 pessoas mostra correlação entre o uso de redes sociais e o aumento de dessatisfação pela vida e de problemas mentais. Os governos também são afetados porque viram duplicar o número de campanhas que promovem a desinformação (as chamadas fake news).
Assim, o documentário é um verdadeiro abre-olhos que te faz pensar como podes ativamente pedir a estes grandes grupos económicos que parem de manipular pessoas, conter a disseminação das fakes news e criar um ecossistema mais saudável para pessoas e para adultos.
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No final, os intervenientes têm esperança de que, ao mudar o modelo de negócio, as coisas possam melhorar. Contudo, The Social Dilemma sabe que existe claramente um dilema: deixar de usar o Facebook não chega. Porque a tecnologia traz coisas boas.
Depois de ver o The Social Dilemma pensei: como podes melhorar a relação com as redes sociais?
Acredito que a tecnologia é uma ferramenta. É a maneira como utilizas que pode determinar se estás a causar mais danos do que benefícios.
As redes sociais e o Google permitiram encontrar pessoas desaparecidas, ligar famílias através de e-mail e vídeo chamadas, bem como partilhar com várias pessoas momentos importantes da nossa vida. No entanto, a publicação de um nascimento pode estar ao lado de uma fotografia que reporta mentiras, influenciando as pessoas a votar diferente nas eleições seguintes.
O poder que estas plataformas têm é enorme, pois gerem dados que podem ser usados para moldar comportamentos, e ter mais lucros sobre isso.
Assim, como utilizadores o que podemos fazer? E como empresas?
The Social Dilemma diz-te para desligar notificações
Os convidados do documentário sugerem algumas boas práticas para poderes quebrar o teu vício com as redes sociais. Um deles é desligar notificações.
É algo que eu já faço naturalmente, porque não tenho sempre o Wi-Fi ligado. Neste momento, estou a escrever e o meu smartphone está a carregar, sem bluetooth ou dados móveis ou wi-fi ligado. Não preciso de todos os minutos ver quando me mandam mensagem no Whatsapp. No dia-a-dia no trabalho também faço isso. Apenas ligo em momentos de pausa e consigo assim focar-me no que estou a fazer.
Outra dica é filtrar a realidade. Se as redes sociais têm filtros giros para esticar a tua pele ou dar-te uns olhos arredondados, deves criar os teus próprios filtros. Entende que ninguém quer saber de ti e só porque uma pessoa está de férias, não quer dizer que tu não vais estar também.
Foca-te mais no que tu tens e vais fazer, do que aquilo que outros têm. Deves viver a vida de acordo com os teus padrões, não de acordo com o que toda a gente está a fazer.
E as empresas? O que podem fazer?
Uma das percepções que tive ao ver o The Social Dilemma foi a componente empresarial. Cada vez mais empresas utilizar o marketing digital ao fazer anúncios para chamar à atenção de um potencial cliente.
Quem não está a ter uma comunicação digital ativa, praticamente não existe. E será muito difícil encontrar mais clientes.
No entanto, ter anúncios demasiado comerciais pode afastar o utilizador mais do que a aproximá-lo. E também se as empresas estão demasiado focadas em fazer anúncios e a obter cliques, podem esquecer-se do essencial: ter um produto ou serviço e colocá-lo à frente de quem tem necessidades que esse produto ou serviço ajuda a preencher.
Mais do que utilizar o poder de manipulação das redes sociais, as empresas podem criar outra estratégia para ter um impacto mais positivo. Tais como:
- Criar valor junto do cliente – focar-se mais nos benefícios, do que nas características do produto;
- Equilibrar anúncios com estratégia de marketing de conteúdo para tráfego orgânico;
- Ter um pensamento de SEO – o que é que o meu cliente procura? Como o posso ajudar?
- Criar um blog para distribuir informação de qualidade, de forma gratuita, para criar confiança com potenciais clientes;
- Apostar no serviço ao cliente: servir e pedir recomendações continua a ser uma excelente forma de marketing.
The Social Dilemma é um documento que me fez pensar sobre as redes sociais. Havia certamente coisas de que já sabia, mas ganhei outro tipo de consciência. Uma consciência de reclamar por mais responsabilidade dos governos, para entenderem a tecnologia e pressionar estas empresas. Uma maior curiosidade de ter espírito crítico e duvidar de conteúdos antes de os partilhar cegamente.
Se ainda não viste este documentário, vê e pensa de que forma podes mudar o teu comportamento.