teletrabalho a trabalhar em casa com um gato
Negócios

Teletrabalho: uma análise SWOT num segundo confinamento

O teletrabalho continua em norma mais de um ano depois da crise pandémica. Para perceber se esta modalidade vai integrar definitivamente as nossas vidas, há que fazer esta análise.

Uma pandemia fez com que 2020 fosse um ano para esquecer. Para reduzir o número de contágio do COVID-19, muitas empresas adaptaram-se e colocaram as suas equipas em teletrabalho. Esta era uma realidade já usada em algumas empresas, mas não se forma consistente.

Já se fazia teletrabalho, mas em casos pontuais

Seja para acompanhar os filhos ao médico, fazer uma viagem ou estar em casa para receber serviços, era comum algumas empresas permitirem que os trabalhadores fizessem teletrabalho num período do dia. Contudo, estar totalmente em teletrabalho é diferente.

Atenção: teletrabalho não é trabalho remoto

Neste último artigo, falei sobre 11 coisas que aprendi com o trabalho remoto.

Contudo, estava enganada. O que fiz não era trabalho remoto. Pois não exercia as minhas atividades noutros locais que não a minha casa. Além disso, foi uma experiência totalmente diferente pois não tinha liberdade de movimento. As empresas também não estão preparadas para ter equipas inteiras em aspeto remoto, pelo que foi pedido que desenvolvessem as suas atividades em casa. Um ano depois e com um segundo confinamento, é mesmo necessário perceber as suas vantagens e desvantagens e como este método de trabalho pode ser uma oportunidade para os negócios.

Assim, pode-se fazer um exercício muito conhecido no mundo dos negócios: fazer uma análise SWOT, olhando mais para o ponto de vista dos colaboradores e das empresas, e não tanto dos países e da economia.

Bem sei que isto é mais aplicado a empresas do que propriamente a modalidades. Mas traz uma nova perspetiva ao tema, já que nem tudo são rosas e nem tudo é mau.

Forças: a qualidade de vida

Uma das coisas que os colaboradores reconhecem no teletrabalho é o aumento de qualidade de vida.

Eliminar o tempo passado em transportes públicos, a poupança de dinheiro e também uma certa flexibilidade em desenvolver a atividade profissional em casa permitiu que houvesse uma maior tradução na qualidade de vida. O aspeto tempo revelou-se fundamental, e em vários inquéritos, como este da Kaspersky, os inquiridos mencionam que conseguem ganhar tempo para estar com a família ou desenvolver um hobby.

Este é de facto um ponto a favor: ao eliminar-se o tempo de ir ao escritório, ganha-se tempo para outras actividades e devolve algum controlo às pessoas. Se a felicidade no trabalho depende da felicidade dos colaboradores, esta medida pode ser um grande trunfo para as empresas.

Fraquezas: a falta de contacto humano

O mesmo estudo indica que o que as pessoas mais sentem falta é de falar cara a cara com os colegas. O ser humano é um animal social, precisa de comunicar, ver, tocar, rir com os outros e um ambiente isolado sem pessoas tem sérias consequências a nível emocional.

Assim, estar em permanemente teletrabalho pode levar a um afastamento entre as pessoas e uma menor empatia. Ter também equipas neste regime e outras no escritório pode levar a quem está de fora se sinta um estranho. Assim, o teletrabalho tem como fraqueza reduzir o contacto humano físico, podendo ter consequências ao nível do comportamento humano, o comportamento social e a saúde mental. É preciso gerir bem o elemento humano neste contexto.

Ler mais: Atenção: esta experiência de trabalho remoto não é 100% verdadeira

Oportunidades: entrar na globalização

Quando se fala em teletrabalho, também se fala em oportunidade de entrar no mercado global.

É possível fazer uma deslocalização dos recursos e os negócios abrem portas para recrutar talento em qualquer parte do mundo, bem como alargar o seu âmbito geográfico, se dispensarem o escritório. Além disso, se os colaboradores estão satisfeitos, então essa força traduz-se numa maior oportunidade para atrair e reter talento altamente qualificado.

A passagem para o digital também pode dar essa alavancagem a esta modalidade. O WordPress é um exemplo de empresa sem escritório, com imensos produtos.

Ameaças: as desigualdades encontradas

O teletrabalho pode também trazer desigualdades. As empresas podem ser mais competitivas se o tiverem, mas os líderes devem ter as ferramentas certas. A competitividade é alta, e se não acompanhar esta tendência, outros podem ficar para trás.

Espero também que o teletrabalho não seja visto como uma oportunidade para baixar salários. Porquê? Porque empresas com sede em capitais mais ricas podem querer contratar recursos não próximos dessas cidades, oferecendo condições medianas que para uns são acima do nível de vida que levam.

Em termos de ameaças não posso esquecer o caso da Yahoo, que obrigou todos os trabalhadores a voltar ao escritório. Hoje sabemos que as razões foram de ordem estratégica, em que era preciso criar um ambiente de criatividade e entreajuda para o negócio se reinventar.

Ou seja, iniciar um modelo de teletrabalho sem estratégia pode ter consequências desagradáveis e atrasar o crescimento do negócio, pelo que cautela com o mesmo.

Conclusão

Fazendo uma breve análise SWOT à modalidade de teletrabalho, notamos que a mesma pode contribuir para o crescimento do negócio, para a felicidade dos colaboradores e para uma maior adaptabilidade a novas formas de trabalho ligadas à digitalização. Contudo, se se avançar com este modelo, é preciso criar uma estratégia e conversar com os colaboradores, sob pena de se perder a cultura da empresa e afastar colaboradores que sentem necessidade de sair de casa e trabalhar noutro local.

Por isso, se considerares o teletrabalho, pesa os prós e contras e entende de que forma ele pode fazer parte da tua vida.

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