Num ano tão atípico, quis deixar a nota do que valorizei neste ano. Eis a reflexão de 2020.
2020 foi um ano completamente estranho. A Covid-19 apanhou todos de surpresa e rapidamente mudou os nossos hábitos no trabalho, no recrutamento, no talento, nos escritórios. Fui uma sortuda pois estive em teletrabalho o ano todo e por isso consegui obter alguns benefícios. A companhia em casa e a saúde da família também foram bons motivos para celebrar este ano, apesar de um ano caótico.
Se tivesse de escolher uma palavra para este ano seria adaptabilidade
Adaptabilidade deveria ser a palavra para este e para outro qualquer ano.
Ser adaptável tem a ver com aprender rápido, identificar problemas e começar a trabalhar mesmo quando as circunstâncias mudam ou os desafios tornam-se mais difíceis. Adaptabilidade tem também a ver com tomar decisões difíceis e confiar no discernimento das mesmas. E quando existe uma crise económica e pandémica como a atual, é mesmo importante adaptarmo-nos às circunstâncias, sem esquecer o que é importante: as relações, e não o material.
Por isso adaptar foi um dos ensinamentos de 2020 porque é uma competência que te permite navegar os altos e baixos da vida, sem perderes foco dos teus objetivos e sem esqueceres aqueles que estão junto de ti e te acompanham neste caminho.
Se falarmos em adaptar, temos de falar em gerir. A vida tem altos e baixos, há sempre alguém melhor que nós e alguém em pior situação. Por isso, a vida é um constante exercício de gestão.
Gerir o dinheiro, as relações, os problemas, os chefes, as empresas, a economia, o banco, a loja, o stress, a saúde, os filhos, os pais, os vizinhos, os animais de estimação. A vida é gerir, é fazer malabarismo com tudo ao mesmo tempo. Gerir é também a capacidade de pegar nos problemas e não deixar que os acontecimentos ditem o nosso destino.
Não podemos controlar tudo, e a sorte e o privilégio existem para condicionar o acesso. Contudo, para todas as outras coisas que podemos controlar, há que “agarrar o touro pelos cornos” e seguir em frente. É olhar para o que temos e não perder tempo com o que nem nos interessa ter.
É preciso também relativizar
Não estou a falar de Einstein, mas sim da maneira como relativizo muitos aspetos. As constantes notícias sobre o número de casos de infectados fez-me olhar para diversos temas de forma relativa.
Estes números são muito ou pouco relacionados com outras doenças? Porque os media tomaram esta decisão em vez de outra? Porque vibramos com as eleições americanas e não com as eleições portuguesas? Porque a comunicação do Governo é fraca, pouco criteriosa e confusa?
Este ano fez-me olhar para o meu próprio umbigo e perceber que o mundo é uma coisa e a maneira como eu o vejo é outra. “O mapa não é o território”, já se diz nos cursos de coaching.
Ter esta percepção de que existem outras formas de viver, de falar, de sentir, de pensar leva-me a devolver a minha empatia e em pesquisar a história dos outros; e também a perceber os dois lados da moeda, escolhendo aquele que está mais de acordo com a minha moralidade (e a minha moralidade pode estar certa ou errada? muitas perguntas de facto a acontecer com estes acontecimentos).
Outra palavra do ano de 2020 seria cuidar
Num ano tão negativo, a palavra de ordem foi sem dúvida saúde. E falou-se muito sobre os serviços e cuidados de saúde, dos profissionais, das condições. Mas acho que se esqueceram de falar mais sobre a saúde preventiva. Mais do que tomar vitaminas para o sistema imunitário, deve-se falar como manter hábitos saudáveis durante todo o ano e toda a vida, bem como olhar para a saúde mental de uma forma séria.
Em 2020, olhei muito mais para o meu físico, para a minha alimentação e fiz imensos gastos em saúde, como dentista. E percebi que é realmente importante esta ser a prioridade número um: ter pessoas com saúde e com acesso à saúde. E saúde não se resume apenas a corpo, mas sim também mente. Sou crítica quando o Governo falou muito em distanciamento social sem falar sobre o potencial aumento de casos de depressão fruto desse isolamento. Ver a saúde como um todo é uma mensagem importante a passar a todos os individuo.
Em momentos de tempestade, recolhemo-nos para dentro, para a zona de conforto, para aquilo que achamos seguro. E quando as paredes caem e o desemprego e a doença atacam, relembramos o quão importante é viver o presente e lutar para que outros tenham os mesmos “luxos” que outros.
Por isso, para 2020, aprendi que tenho de cuidar de mim todos os dias. Porque ter saúde é um bem muito precioso e só temos um corpo para cuidar.