Livros

Quatro Horas Por Semana: um livro para viver uma vida mais calma

Há livros que marcam um antes e um depois na nossa vida e o “Quatro Horas por Semana” fez isso por mim.

Para quem não sabe, este é um livro muito reconhecido em desenvolvimento pessoal e gestão. A própria capa do livro diz «não leia este livro se está a pensar em desistir do seu emprego». E de facto é um livro total à liberdade profissional e a uma carreira mais feliz.

Mas apesar de ler muitos livros de desenvolvimento pessoal, este foi um mero acaso.

Encontrei o livro sem o conhecer, nos Tops mais vendidos da WOOK, e gostei da frase: Trabalhar Menos, Produzir Mais.

Como sou obcecada com a questão de produtividade e gestão de tempo, achei que seria um bom livro para me explicar se era possível trabalhar quatro horas por semana. Fiquei intrigada com a sinopse e do que aquilo que poderia ser feito.

Li as primeiras 50 páginas do livro e fiquei interessada, mas a rotina chata que estava a viver engoliu o meu entusiasmo e fiquei vários meses sem pegar nele. Mas como não gosto nada de não acabar um livro, recomecei-o semanas depois.

Neste recomeço, lembrava-me apenas de algumas partes. Eu já tinha alguns conceitos de empreendedorismo, horários flexíveis, freelancing, rendimento passivo, uma vida com um negócio próprio. Achei, no entanto, que me iria dar alguma hack milagrosa para ter uma carreira de sucesso num estalar de dedos.

Felizmente, foi muito mais do que isso.

Este livro foi lançado há mais de 10 anos mas tornou-se ainda mais atual com a onda do trabalho flexível e do empreendedorismo digital.

Já em 2007 Tim Ferriss pensava de maneira diferente e falava ao mundo sobre um novo conceito: os Novos Ricos.

Aquilo que faz com  que uma pessoa rica continue rica é a maneira como todos os meses entra dinheiro para a conta bancária. Os Novos Ricos, como Tim Ferriss explica, são pessoas que em vez de trocarem tempo por dinheiro, criam sistemas para terem dinheiro todos os meses, gerando um cashflow que lhes permita não estar fechados num escritório.

Essa foi sem dúvida aquele termo que me ficou: cashflow.

Já conhecia alguns conceitos ligado ao empreendedorismo, gestão, cultura de startup. Mas foi realmente a noção de cashflow que me fez perceber porque é que alguns negócios simplesmente ruiam ou estavam mal construídos. Além disso, comecei a perceber como é que nómadas digitais podem trabalhar e viajar ao mesmo. A noção de cashflow é usada quando fazemos o nosso orçamento mensal, de despesas e receitas. Geralmente o nosso cashflow só tem uma entrada – um salário – e tem muitas saídas de capital, para pagar contas.

Contudo, o Tim mostra-nos que devemos criar mais fontes de rendimento para podermos ter mais cashflow. Mas se tivermos sempre a trocar tempo por dinheiro, iremos ter dois trabalhos e menos tempo para gozar a vida.

Assim, ele aconselha-nos a criar um sistema de cashflow automático, um negócio em piloto automático que elimina a presença física de alguém e que permita receber mais do que um salário todos os meses.

De facto, Tim Ferriss é um eterno otimizador.

Todo o seu trabalho é baseado em como optimizar as nossas rotinas da vida. Esta sua ideia parece revolucionadora em 2007 e ele foi mesmo um visionário pois podemos notar do que temos atualmente. A nova onda de empreededorismo refere muito a questão do dinheiro aliada à liberdade. Queremos ser ricos para comprar o carro de sonho e a casa com piscina. Ser rico é ter dinheiro suficiente para se reformar agora e nunca trabalhar na vida. Mas Tim Ferriss vai mais longe.

Ele não acredita numa vida sem actividades, sem estimulação mental, pois ele tem um mindset diferente.

Tim diz que ser rico é poder ter tempo para trabalhar no que queremos e fazermos minireformas ao longo da vida.

Em vez de passamors 40 anos da nossa vida a trabalhar e ter a reforma depois, porque não ir fazendo minireformas?

Porque não trabalhar 3,6,9 meses e depois ir um mês para a Argentina aprender a falar espanhol? É esta a grande mensagem de Tim Ferriss. A vida é demasiado curta para desperdicarmos em coisas que não nos trazem valor nenhum, mas também ela é longa o suficiente para podermos fazer uma carrada de coisas. Este livro abriu-me a mente e fez pensar – se eu pudesse trabalhar no que quisesse o que faria? Que sistema posso montar que me permita ter um rendimento fixo que não precisa da minha presença constante? Um sistema que me permita ter uma vida sem horários, sem chefes, sem imposições sociais, sem limites?

Aquilo que Tim Ferriss me disse é que tenho de ver como aproveito o meu tempo.

Se deixarmos o supérfulo de lado e nos concentrarmos naquilo que realmente nos dá prazer, teremos menos stresses e menos preocupações – e assim até parece que temos mais tempo. O tempo é o mesmo, nós é que o utilizamos de forma diferente.

O Quatro Horas por Semana marcou-me porque mostrou-me que a liberdade não está no exterior mas sim no meu interior. A felicidade está mesmo nas pequenas coisas e tudo começa por uma outra perspectiva. Basta ver as coisas com outros olhos e organizar a vida de outra maneira. Se tivermos todos os recursos para sermos felizes, porque não agimos para o ser?

Obrigada, Tim Ferriss, por seres o doido que experimentou um estilo de vida diferente. Um estilo de vida menos atarefado mas rico em emoções e experiências!!