Onde anda a tua referência feminina, quando existem tantos “heróis” masculinos?
Tenho um especial cuidado de falar sobre mulheres, feminismo e girl power. Mas não tenho nenhuma referência digna disso.
Estava a escrever um post e queria colocar a imagem de algum empreendedor para ilustrar o tema.
Primeiro pensei no Elon Musk porque aquele é o gajo do futuro. Depois pensei que tinha de colocar uma mulher e ia escrever a Oprah. Contudo, queria uma pessoa mais jovem e não tinha referências.
Gosto de empreendedorismo, da inovação tecnológica, de Recursos Humanos, de Desenvolvimento Pessoal, de Carreiras Profissionais, de Minimalismo, de Fotografia, de imensas coisas. E todos esses interesses aparecem aqui no Erre mas sempre com um grande foco – o feminismo.
É impossível não falar de mulheres e de uma referência feminina, porque eu sou uma mulher.
E como sou mulher, vivo vários desafios que se colocam às mulheres, quando se fala de carreiras profissionais, empresas, desenvolvimento pessoal.
E como falo muitas vezes em empreendedorismo, é fácil referir muitos homens: Gary Vaynerchuck, Cristiano Ronaldo, Murillo Leal, Warren Buffet, Martin Luther King Jr, Steve Jobs, Tony Robbins.
Já quando se fala de mulheres, posso referir escritoras no Medium, Jornalistas e, claro, a Emma Watson. Algumas personalidades de que falo em vários posts em blogs e outros artigos.
Assim percebo do erro que cometo: não coloco referências femininas neste blog.
Isto é a constatação de um facto horrível: sou péssima quanto à paridade entre géneros. Porque as mulheres estão muito mal representadas neste espaço. E isto deveria ser um espaço sobretudo para mulheres.
Não vou colocar a desculpa de que existem mais homens empreendedores conhecidos do que mulheres porque isso é só uma desculpa (e uma péssima desculpa, digo-vos já).
O problema que se coloca aqui é o facto de eu não ter referências femininas na minha carreira. Por agora.
A primeira referência feminina de adolescente foi a Avril Lavigne.
Porque gosto de música e ela era a rapariga mais fixe do planeta: tocava guitarra, escrevia as suas próprias canções e não dançava como as outras. Parecia-me mais real do que qualquer outra artista pop e quando fosse grande queria ser como era.
Óbvio que cresci e as referências femininas foram mudando. Olhando mais para o jornalismo ou para alguma celebridade britânica, eu tinha alguém para admirar. Porque eu tinha a maior inveja das pessoas que viviam na minha cidade de sonho.
Com a minha entrada no mercado de trabalho e o meu interesse no empreendedorismo, procurei por referências mais directas, de mulheres de sucesso nas suas empresas. Existia na altura a Sheryl Sandberg, ou mulheres mais jovens, como a Sophia Amoruso. Eles tinham a mesma experiência que eu de crise, ausência de reforma, desemprego.
Fui-me inspirando aqui e ali mas tinha o mesmo problema: como é que não tenho uma referência feminina mais directa?
Pensar na Oprah é o alto de qualquer carreira e puxa pela minha costela de jornalismo. Ou ver a Emma Watson é ter alguém da minha geração a ter uma carreira de artes de sucesso e ainda criar um movimento de HeforShe.
O exemplo da Sheryl Sandberg já morreu em mim, apesar de ser um exemplo de superação e dor na sua esfera privada. Pensar em algum amiga que has-it-all é pensar que eu também consigo fazer tudo.
Como é que eu passo dias e dias a ler e a ouvir homens a falar sobre carreira e não dedico o meu tempo a ouvir mulheres a falar?
Porque é que não oiço a Sophia Amorouso e o seu podcast mais vezes? Porque é que ainda não li coisas da Gloria Steinem? Porque é que não tenho nenhuma referência feminina, de mulher jovem e empreendedora nos dias que correm?
Todas as que encontro são de mulheres mais velhas na área do entretenimento, como a Amy Poehler, a Jessica Alba, a Tina Fey…onde é que anda a miúda de 26-27 anos que já teve um emprego normal e que teve de sair da sua zona de conforto para concretizar os seus sonhos?
Quem souber referências, por favor, diga-me, urgentemente, para poder me informar e conhecer os bons novos talentos que andam por aí.