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Negócios

Os sacrifícios omissos do empreendedorismo

Empreendedorismo muitas vezes diz-se sucesso. Mas esquecem-se de falar também dos sacrifícios do empreendedorismo.

Já escrevi muito sobre sucesso, empreendedorismo e desenvolvimento pessoal. É uma forma de motivar outros a procurarem sentirem-se melhores consigo mesmos. Quem quer fazer algo por sua conta própria, deve procurar o seu próprio caminho e definir o que é sucesso para si.

Escrevo de experiência própria, do que penso sobre o tema. E também há espaço para partilhar artigos que são relevantes.

Foi o que aconteceu a semana passada: encontrei um excelente artigo sobre os sacrifícios do empreendedorismo.

murillo leal palestrante
Copyright: Murillo Leal

Estava a navegar o Medium como faço sempre e encontrei este artigo do Murillo Leal.

Já tenho lido bastantes artigos escritos pelo Murillo e concordo com a sua visão do empreendedorismo. Ele não tem medo de falar dos desafios que um empreendedor enfrenta, mas que são embelezados pela cultura de sonho empreendedor que temos vindo a assistir nos últimos anos.

Tal como Murillo explica, parece que nos últimos anos o empreendedorismo é a solução para todos os problemas.

Se recebes pouco, então cria o teu próprio negócio e paga-te o que sempre quiseste. Detestas o teu chefe? Sê então o teu próprio chefe!

Se não consegues trabalhar com outros colegas, faz a tua empresa com os teus amigos. Para quem não gosta de trabalhar à frente de uma secretária das 9 às 6, pode criar o seu trabalho remoto e trabalha quando e onde quiseres.

Ou seja, se estás infeliz, deves ser empreendedor. Wrong answer.

Muitos se esquecem que ser empreendedor não é simplesmente despedir-se e ter um emprego próprio. É criar algo e ser o seu próprio chefe, sem grandes garantias ou salários fixos a ajudar.

Há uma parte do sonho do emprendedor que não está a ser vendido tantas vezes quanto o sonho em si. Há uma parte de sacrifício que muitos desconhecem e outros ignoram, porque os sonhos são para ser fáceis.

Murillo comenta esta situação no seu texto:

Existe uma falsa sensação de que quem opta pelo caminho de ser seu próprio patrão tem mais tempo livre, menos cobrança e mais liberdade. Será que realmente todos estão preparados para assumir a imensa responsabilidade de ser o gestor de suas tarefas e do seu tempo hábil de produtividade?

No início, o empreendedor não é só um trabalhador. É um faz tudo: o vendedor, o contabilista, a recepcionista, o director de produção. Quando trabalhas com outras pessoas, estás responsável por um conjunto de funções e o resto é tratado por outras pessoas.

Imagina que um cliente tem um problema com a facturação, mas tu és do departamento de Marketing. A solução é simples: reencaminhas um e-mail para a facturação e eles resolvem o problema. Mas se tu és o dono e único funcionário de uma empresa, tens de ser tu a tratar de tudo.

É esta perspectiva do empreendedor que fica muitas vezes omissa.

Quando ouves falar das vidas dos multimilionários que construiram a sua vida através de uma ideia, só mostram os bons resultados no final.

Os sacrifícios do empreendedorismo são ignorados ou realçados apenas para completar a “história da Cinderela”. Estes passaram por várias coisas: ouviram muitos nãos, foram a muitas reuniões, ficaram muitas noites sem dormir enquanto trabalhavam a full time no trabalho normal, falharam muitas festas de aniversário, batizados e almoços de família.

E mesmo não olhando para milionário, olha para quem tem um negócio local. Têm de lá estar todos os dias, por vezes não têm fins-de-semana para descansar. Não há férias pagas. O mesmo ocorre com um freelancer: tem de trabalhar para obter o seu rendimento para pagar os meses seguintes. Sem trabalho, não há rendimento, como consegues viver?

O incentivo ao empreendedorismo que temos visto nos últimos anos é positivo.

Tem sido um motor interessante que motiva várias pessoas a concretizar grandes ideia. Sem a sua determinação, teriam ficado numa gaveta esquecidas. Ainda assim, é preciso fazer mais. É preciso tratar o empreendedorismo com paixão, é certo, mas também com realismo e de forma transparente. Deve-se assim mostrar todas as suas vantagens, mas também os desafios que esta “profissão” carrega.

É necessário transmitir que nada se faz sacrifício. Os sacrifícios do empreendedorismo são mais do que muitos e há muitos que ficam pelo caminho e tentam de novo. Não é uma história da Cinderela.

Mas é uma solução para muitos, se te faz feliz. Murillo conclui o seu texto desta forma:

Ser empreendedor é maravilhoso, mas não pense que criar um produto e vendê-lo fará da sua vida mais tranquila e calma. Ser empreendedor só faz mais sentido quando se é plenamente dedicado as atividades, mantendo a qualidade, o foco e a dedicação, mas também é colher tudo que plantou. E até para colher frutos, exige-se muito trabalho não é?