Desde pequenos que a nossa vida está planeada pelos nossos pais. Fomos à escola, estudamos muito, fomos para a faculdade, tiramos o canudo. Trabalhamos para uma boa empresa, ganhamos dinheiro, tiramos o mestrado. E depois ganhamos mais dinheiro, trabalhamos até aos 65 anos e temos uma boa reforma.
Como qualquer pessoa antes da crise pensava desta forma e os meus próprios pais também me mostravam como era importante estudar. Diziam sempre uma frase que me ficou marcada:
Um bom profissional arranja sempre emprego.
Na altura, acreditava que sim mas esta frase já não tem o mesmo significado.
A palavra emprego como a conhecemos já não reflecte a realidade que os meus pais viveram.
O emprego seguro, durável e com fidelidade à empresa já não existe. Este foi substituído por estágios, mais ou menos remunerados, com mais ou menos possibilidade de continuação, para pessoas mais ou menos experientes.
Também a definição de bom profissional mudou mas não da maneira que as pequenas e médias empresas pensam.
Os gerentes e administradores pensam em contratar um profissional e procuram o candidato ideal. Lê-se em vários anúncios um rol de características ideais: licenciado, bom estudante, jovem (mas com muita experiência), com conhecimentos de línguas, programação, comunicação, vendas e gestão.
E já agora com um horário livre para poder trabalhar as horas que forem precisas. É, em suma, um candidato impossível de encontrar.
Mas isso não quer dizer que os profissionais deixaram de existir pois o que mudou foi a definição do que é ser um bom profissional. Como pode ser este novo profissional que arranja sempre emprego?
O bom profissional não é aquele que tem o canudo, não é aquele que tem o melhor currículo com trabalhos nas maiores empresas, não é aquele que sabe fazer tudo de forma rápida e perfeita.
O bom profissional é aquele que dá sempre o melhor de si.
Quer faça a mais pequena tarefa ou lidere a maior empresa do mundo, ele faz o seu bom trabalho.
Quer trabalhe cinco minutos ou quinhentas horas, quer faça aquilo que ama ou se arraste num ambiente horrível só para pagar as contas, ele dá o seu melhor.
Independentemente da sua situação laboral, um bom profissional faz o seu trabalho como sempre fez: dá o melhor de si.
O bom profissional dá sempre o melhor de si e nunca fazendo nada só porque sim, só para despachar, só para ficar aceitável.
Tornamo-nos bons profissionais sempre que há acção. Fazemos uma reunião, falamos com alguém ou apresentamos um projecto e com essa prática evoluimos.
O bom profissional entende que no mínimo que faz está a colocar um pouco de si, a sua marca, o seu nome.
Pensando no teu trabalho, se tudo fosse publicado num livro com o teu nome, querias que esse livro fosse apenas razoável? Gostavas que as tuas capacidades fossem resumidas em três folhas ou gostavas que elas brilhassem em todas as tarefas?
Assim, acho que aquilo que os meus pais me disseram continua a ser verdade: os bons profissionais arranjam sempre emprego. Melhor dizendo arranjam sempre uma vida, porque constroem a sua vida com as ferramentas que têm ao dispor.
O maior desafio não é ter um emprego mas sim ter sempre trabalho – e um bom profissional tem sempre.