dia internacional da mulher
Feminismo

O Dia Internacional da Mulher não é hoje

Assinalar datas importantes é sempre aquele paradoxo: vou assinalar a data porque não posso deixar escapar a oportunidade ou vou ignorar o facto de estar toda a gente a celebrar, porque isto nem deveria ser celebrado porque deveria ser vivido todos os dias?

Temos mais um Dia Internacional da Mulher e quase que me esquecia dele.

Não porque não me é importante, mas simplesmente porque eu vivo todos estes assuntos ligados ao feminismo – salários iguais, licenças de maternidade pagas, assédio sexual, fundamentalismos políticos, liberdade – todos os dias.
 
Não é hoje que tenho de falar sobre os assuntos. Aliás, basta reler este blogue: quando falei sobre quotas de género; quando falei sobre a Emma Watson; quando pensei que não havia profissões proibidas para mulheres; quando falei sobre Feminismo; quando passei-me com a educação diferenciada nas escolas; quando o Warren Buffet elogiou as mulheres.
 
Não é hoje que tenho de reservar espaço no meu blogue para falar sobre este assunto. Não é hoje que tenho de dedicar especial atenção a estes assuntos. Não é hoje que tenho de tirar 20 minutos da minha manhã para poder falar sobre o que é ser mulher.
 
Não é hoje porque não é SÓ hoje mas sim todos os dias. Porque não gosto de fazer as coisas só porque o calendário e o mundo todo dizem-me para o fazer (sou uma rebeldezinha que mal vê uma carneirada a ir para a direita, foge a mil pés para a esquerda. Desculpem-me…).
 
Mas – e lá vem aquele mas gigante que torna isto tudo num paradoxo – ficar calada não é possível quando é um tema que nos é próximo, quando são assuntos que nos afectam directamente na pele e que são de uma tremenda injustiça – porque num mundo em que já se fazem transplantes de corações artificiais, ainda não é possível perceber a igualdade de salários, as licenças de maternidades (e paternidade) pagas ou o assédio sexual como algo estúpido e criminoso?
 
Por isso, prefiro falar o pouco que seja hoje e hastear a minha bandeira para outras alturas, para quando os temas me puxam para falar dos mesmos. A minha bandeira não é hasteada no dia 8 de março, mas sim todos os dias, todos os momentos em que é preciso levantar a voz para que a mudança aconteça.
E hoje, já que estamos despertos para isso, vou levantar a voz para relembrar que as mulheres continuam a querer direitos e continuam a viver as suas vidas em discriminação ontem dia 7, amanhã dia 9, e o resto do ano – por isso o Dia Internacional da Mulher é bonito, mas não é hoje.