Falo com muitas pessoas sobre a questão de ter não ter uma personalidade nas redes sociais. Mas será que não darmos um pouco de nós é a solução?
Estou presente nas redes sociais desde 2010, com o Facebook, Instagram, Linkedin. Também acabo por expor muito de mim no blog, uma vez que falo directamente das minhas ideias sobre carreira, marketing, comunicação, a minha vida de Millennial.
Contudo, durante muito tempo nas minhas redes, não coloquei uma cara. Não tenho a foto de perfil certa, não tiro muitas selfies e a minha «marca pessoal» é muito feita através de imagens.
Tenho pensado sobre o tema de ter uma personalidade nas redes sociais.
Tenho contactado com algumas pessoas na vida real que têm uma boa presença nas redes sociais. São bloggers, são pequenos empresários, são nómadas digitais, são freelancers. Todos eles usam as redes sociais para promoverem as suas ideias, quer sejam hobbies ou side hustles. E mais do que a sua forma de comunicação ou palavras, todos têm algum em comum: eles dão a cara. Ou melhor eles mostram a cara.
Isso foi algo que eu nunca gostei muito mostrar a cara.
A verdade é que vivo da minha escrita. Acho que as minhas ideias são partilhadas através das palavras que uso. Por isso, não achava que lhes tinha de dar uma imagem. A minha cara não é tão importante como as minhas palavras.
Também não gostava de dar a cara pois gosto de manter parte da minha vida privada. Se não mostrava, não colocava em causa o meu espaço mais íntimo.
Mas a verdade é que quero chegar a mais pessoas, gostava de partilhar as minhas ideias. E é por isso que uso as redes sociais, porque gosto de divulgar o que penso e o pequeno trabalho que tenho neste canto. Assim, em conversa com algumas pessoas, falei-lhes deste meu receio de mostrar a cara nas redes sociais quando quero montar algo maior que um blog pessoal.
Falei com elas disto de ter uma personalidade nas redes sociais. Mas o que é isso?
Será que tenho de por muitas selfies? Tenho de montar uma persona que condiz com os algoritmos? O quão verdadeiros somos nestas plataformas? Perco a espontaneidade se tiver uma estratégia de conteúdo? São muitas perguntas feitas que precisam de muito tempo para serem pensadas.
Mostrar a cara é mais do que meter uma selfie – é mostrar personalidade.
Já sabemos que as redes sociais têm um enorme impacto na nossa vida, mas cada vez mais o meio é criticado pela sua plasticidade. Que deixou de ser um mar de partilha, mas sim um oceano de opiniões xenófobas, notícias sem factos, imagens de vidas privilegiadas e impossíveis de imitar. Assim, começa-se a notar a fome pelo chamado real.
Quer-se seguir pessoas que mostrem as suas fraquezas em vez da caixa de produtos cosméticos que recebem diariamente. Pedem-se mais sugestões de livros e sítios recônditos, em vez de hotéis de cinco estrelas em países caros. Há que haver mais responsabilidade na transmissão de ideias em vez de publicidade constante não identificada.
No fundo, o que se pede é personalidade. Pessoas que querem passar uma mensagem. Pessoas só.
É preciso ter uma personalidade nas redes sociais? Sim, é aconselhável. Mas não de uma perspectiva de negócio. É mais de uma perspectiva de trazer humanidade e realidade.
A partir do momento em que descobrimos que há seguidores falsos e que há robots para acrescentar número, quem gosta de partilhar nas redes sociais quer saber que também fala com outras pessoas. Quer seja sobre produtos, viagens, maquilhagem, marketing, quer-se é ter um par de olhos do outro lado. Que o falso se torne verdadeiro e que quem realmente não sabe do que fala, não fale. Que se não goste de seguir uma página, não sigas.
Assim, percebo que a ideia não é tanto tirar uma selfie, mas sim mostrar um pouco de nós.
Mostrar a cara não é uma exposição se formos nós a controlá-la. Mostrar a cara é mostrar que existe uma pessoa do outro lado, com sonhos, ideias, emoções. Uma pessoa que deve ser respeitada por isso.
E mesmo que se mostre a cara, não invalida que não haja um espaço íntimo que só guardamos para nós e para quem nos é próximo.
As redes sociais podem ter alterado as nossas relações sociais e a comunicação com outros, mas nunca devemos esquecer que continuamos a ser donos de nós próprios. Só tens de revelar o que queres, só tens de partilhar o que queres. Podes ter a tua personalidade nas redes sociais.
É esta parte de partilha com sentido que as pessoas procuram, não uma glorificação própria para aprovação.
Claro que todos procuramos aprovação, mas esta deve ser a aprovação saudável de quem é um animal social. As redes sociais não te usam, tu é que as usas como ferramenta. Assim, nunca te esqueças que a tua personalidade é tua e tu mostras o que quiseres dela, online e offline.