O saber não ocupa lugar, já diz o ditado popular. Mas ainda assim há quem diga que é caro.
Vivemos em sociedade e o saber transmite-se através da educação. A educação primária, a secundária, a faculdade, os mestrados, os MBAs. Os cursos que fazemos, as palestras que frequentamos, as formações que fazemos ao longo da vida custam-nos tempo e dinheiro. Daí dizermos que a educação é um privilégio, pois como nem sempre temos dinheiro ou tempo, nem sempre podemos educarmo-nos melhor.
Será que a educação é cara? Não, não é pois é um bem essencial que nos torna mais humanos.
No outro dia recebi um vale de 100 euros para poder gastar em lojas de centros comerciais. Mal recebi este prémio comecei a pensar na quantidade de coisas que poderia comprar e fiz a minha lista mental.
«Quero um vestido, um casaco, uns ténis e ainda posso comprar uns acessórios! E ainda por cima estamos nos saldos! Isto vai-me dar um jeito do caraças!»
Estava toda entusiasmada para passar uma noite depois do trabalho a correr as melhores promoções até que o meu parceiro disse algo que ficou-me na cabeça.
«Amor, em vez de gastares dinheiro em coisas, porque é que não gastas em algo para te ajudar na tua carreira? Compra livros, compra um curso, compra alguma coisa que te ajude nos teus objetivos. Quando fores milionária podes comprar os ténis que quiseres. Agora aproveita para investir no teu futuro.»
No dia seguinte gastei tudo em livros sobre gestão, empreendedorismo e finanças – e nunca me soube tão bem gastar dinheiro.
Vivemos numa sociedade profundamente consumista que nos diz todos os dias que a resolução dos nossos problemas está no comprar e gastar dinheiro. Tiveste um dia mau no trabalho? Vai à Zara comprar qualquer coisa e isso passa. Estás stressada e nervosa? Come um chocolate e sentes-te melhor. Estás com problemas na tua relação? Oferece qualquer coisa e ele esquece-se dos problemas.
Claro que gostamos de comprar coisas novas. Claro que gostamos de receber presentes. Claro que gostamos de experimentar coisas novas. Contudo, parece que passamos a vida inteira a enchermos as nossas casas, a gastar dinheiro em coisas. E esse gastar dinheiro não nos alimenta porque apenas entretem-nos enquanto não pensamos nos problemas. Gastar dinheiro em coisas não nos ajuda a crescer pessoalmente ou a encontrarmos os nossos objetivos.
Claro que podemos brincar e ter coisas de que gostamos mas não nos podemos esquecer de alimentar a única coisa que nos vai fazer felizes a vida – nós próprios.
Quando comentei que queria comprar muitas coisas com o vale de 100 euros, estava a dizer a mim própria que aquilo que me faria feliz era um pedaço de tecido e mais uns ténis para juntar à coleção.
O que o meu parceiro quis dizer é que podia comprar os ténis noutra altura, amanhã, depois, no ano seguinte. O que ele me quis dizer é que podemos ter entretenimento nas nossas vidas mas que eu iria ser melhor se investisse em mim, na minha educação.
Investirmos em nós próprios é cuidarmos de nós. Cuidar é tratar bem o nosso corpo mas também a nossa mente e espírito. A melhor maneira de cuidar da mente é enchê-la de novas ideias e os livros são o veículo perfeito que nos obriga a pensar mais e melhor.
Comprar livros é uma forma de instalarmos novo software nas nossas mentes. Ler as histórias de outras pessoas bem sucedidas ajuda-nos a perceber melhor como podemos chegar aos nossos objetivos. Conhecer outros temas é sair da zona de conforto.
Se é para gastar dinheiro, gasta-o em ti – no teu conhecimento, no teu amor próprio, na tua confiança, na tua mente, na tua alma. É o melhor investimento que podes fazer!