idosa a espreitar pela janela
Millennials

Desculpem, mas não há uma geração melhor e outra pior

A velha discussão de qual a melhor geração já podia acabar, porque não estamos a ajudar à cooperação entre velhos e novos.

Todos já ouvimos falar de uma ou outra geração. Millennials, Geração X, Baby Boomers, Late Bloomers.

Já deves ter ouvido alguns destes conceitos ligados a geração. Contudo, quando lês sobre o assunto, é para comparar entre gerações, de um ponto de vista negativo, em que uma é melhor do que a outra.

Os Millennials são preguiçosos e impacientes. Os Baby Boomers são lentos e acham que tudo aparece dado.

Não sei bem as ideias de comparação, porque são tantas e contraditórias e isso é um problema.

A ideia é sempre a mesma: a geração atual é pior do que as anteriores.

Isto porque a geração pior é a geração atual.

O conceito de geração é como qualquer outro estereótipo que necessitamos para compreender o mundo. Faz parte, pois como seres humanos, precisamos de referências no tempo e no espaço. E como seres sociais, necessitamos de adjetivar o que rodeia e produzirmos juízos de valor que nos permitem viver ou fugir.

A noção de geração não foge disso. É uma limitação do tempo para explicar que um grupo de pessoas cresce com as mesmas referências temporais. Com os mesmos acontecimentos, esse grupo tem uma maneira de ser ou estar semelhante. influenciou a sua maneira de ser e estar. Definir a história através de períodos, nascem as gerações e logo as comparações.

Nas comparações há sempre uma melhor e uma pior.

A geração anterior à sua é sempre atrasada, pouco desenvolvida, um prenúncio de um futuro brilhante. A atual geração é glorificada pelo que melhorou, mas queixa-se das suas dificuldades que outra geração não teve.

Por fim, a geração seguinte é sempre o reguila mimado que tem tudo. Os novos não sabem a sorte que tem, que o caminho já está feito para eles. Independentemente do prisma, a conversa acaba sempre da mesma forma: «no meu tempo é que era!».

Deixem-se de tretas, não há a melhor geração.

mãe e filha deitadas na areia a brincar
Photo by Katie Emslie on Unsplash

Percebam que qualquer período tem coisas boas e coisas a melhorar. Que até ao longo da tua vida tu vais ter a «geração boa» e a «má geração».

Os Millennials não têm emprego para a vida, mas têm facilidade na conexão do mundo digital. Procuram e criar oportunidades como outras gerações não conseguem fazer. A Geração X pode ser a elite que lidera o mundo atual, mas não têm a habilidade tecnológica e de adaptação que eu tenho.

A Geração Baby Boomers, dos meus avós, não tinha dinheiro e outras posse, mas têm relações sociais muito presenciais. Além disso, têm uma facilidade imensa de decorar informação relevante para a gestão familiar, por exemplo.

A maioria das pessoas não gosta de trabalhar. Preferia não ter preocupações da vida, mas regressar aos estudos e ser adolescente é uma seca. Tenho mais responsabilidade e gostava de ter menos, mas não desejo de forma alguma voltar a ser criança ou adolescente.

Há um certo romantismo com a infância e a falta de preocupações na vida.

É verdadeiramente fácil cair no síndrome da idade adulta que a vida é um mar de complicações que a única forma de navegar é «ir andando». Mas não posso desejar ser criança quando ser adulta atualmente é a prova do quanto ao cresci, superei e aprendi.

É a prova de todos os livros que li, de todas as descobertas que fiz, de todas as pessoas que conheci. Em criança, não conhecia nada e estava bem assim. Em adulta, conheço muita coisa, quero conhecer mais e estou bem assim. É tão difícil estar bem assim, como se está? É tão difícil estar bem assim e querer estar melhor, ano após ano?

Concluíndo, o que nos cabe como geração é olhar para trás, ver o bom que aconteceu e não cair na falácia de que podemos recuperá-lo. O passado está atrás, há que pegar nele para construir um melhor futuro.

Há assim que olhar para a minha geração e dizer «foi bom»

É preciso dizer mais vezes isto. “Foi bom, está a ser bom, podia ser melhor, por isso vamos trabalhar por isso».

Há que olhar para os meus pais e dizer «foi bom, vocês superaram imensas coisas, podiam ter tido uma vida melhor, por isso ainda há tempo para trabalhar por isso». Há que olhar para os meus avós e dizer «foi bom, vocês superaram tudo e mais alguma, eu não me conseguia imaginar a viver assim.

Podiam ter tido uma vida melhor, mas a vossa vida pode continuar a ser boa, por estarem aqui, vivos, a querer aprender esse mundo novo».

Ninguém é melhor ou pior – é só diferente.