Notei recentemente que já não escrevo nada há um mês.
Não foi por falta de ideias. Não foi por writer’s block. Não foi por falta de tempo, porque esse arranja-se sempre.
Foi mais por falta de vontade. Será?
Quando estou criativa, gosto de colocar aqui as minhas ideias. Quando estou chateada ou triste, escrevo para libertar esses pensamentos. Mas quando percebi que não estava a escrever nada de nada, sabia que alguma coisa estava mal.
Tinha imensas notas no telemóvel dos próximos textos. Tinha muita coisa guardada para mim que não deitava cá para fora. Mas não escrevia. Não escrevia tanto que um dia pensei que não valia a pena manter este espaço só meu.
Tive uma epifania e pensei que não queria mais escrever. Não queria mais ter este blog. Não queria mais «perder tempo» a escrever as minhas ideias ou cenas inspiradoras. O Erre Grande ia desaparecer muito brevemente.
Pensei que não valia a pena continuar a escrever as minhas ideias aqui. Devia ter percebido que algo estava muito mal comigo.
Estive um mês fora mas hoje voltei. Depois de uma longa caminhada e de um pequeno incentivo, voltei a sentar-me à mesa e a escrever. A abrir um post em branco e a colocar boas ideias. A escrever letra a letra e a montar um texto com pés e cabeça. A clicar no botão publicar e partilhar no Facebook para as pessoas lerem isto.
E porque não escrevi? Não foi por falta de vontade.
A vontade é algo que é interno, a cada um de nós. Já devo ter dito algures que vamos sempre mudar e que temos de nos motivar a mexer . Não há outra forma de conseguirmos chegar ao topo da montanha sem nos mexermos e corrermos atrás. Um bom motivador de mudança é sabermos que as coisas não estão bem como são.
A minha falta de vontade não era falta de ideias. Não era falta de motivação. Não era falta de vontade.
Era falta de auto-confiança. Era falta de crença em mim própria. Era falta de amor próprio.
Era falta de olhar para o espelho e dizer quem sou eu?
No fundo, não escrevi porque não me reconhecia no que escrevia. Não me reconhecia em escrever mais um texto. Porque era o meu trabalho? Porque era mais uma coisa para fazer? Onde é que tinha ido o prazer de escrever? E se eu não gostasse mais de escrever? E se a escrita não fosse mais a minha cena?
Estes pensamentos devem ter a ver com a crise dos 25 anos. Dizem que a vida é feita de ciclos e neste momento devo estar a encerrar um para começar outro. E cada ciclo que encerra, temos de nos afastar do mundo, reflectir e preparar para renascer.
Nem sempre as coisas correm como queremos. Nem sempre tudo é perfeito. Shit happens, como eu e os meus amigos comentamos uns com os outros todos os dias. Podes sofrer quando há merda, quando há uma mudança. Podes e deves descansar e encontrar a tua melhor força interior. Deves descansar para arranjar todas as forças que precisas. Deves descansar mas nunca te esqueças de ti.
Nunca te esqueças de que estás a subir a montanha por ti.
Não é pelos teus pais, não é pela tua família, não é porque a sociedade diz-te que parece bem. Não é por causa da pessoa com quem estás, não é para agradar o teu chefe. Não é porque uma pessoa com a tua idade e educação o deveria fazer.
Sobe a montanha. Pára se for preciso. Descansa o tempo que precisares. Desce dessa montanha e procura outra se for preciso. A caminhada é tua, o objetivo é teu, a vontade e a garra são tuas. Por isso se tiver a correr mal, se não estás satisfeita, se só te apetece desaparecer e começar de novo, aqui fica uma dica. Descansa. Descansa mas não te esqueças de ti!