Gosto muito de aprender, gosto de saber sobre tudo e não consigo parar quieta. Mas há que saber cortar também.
A semana passada começou oficialmente o verão e com ele vêm os tempos mais calmos. Nota-se em todo o lado que as pessoas desligam e tudo anda mais lento. É nestas alturas de maior descanso que pessoas como eu aproveitam o «tempo livre» para fazer mais. A ideia é mesmo essa: quando todos param, eu aproveito para fazer outras coisas.
Pode ser estudar online, ler um livro técnico, arrumar o armário, ir mais vezes ao ginásio, fazer workshops, ir a eventos de networking.
Este verão vou continuar a fazer coisas, mas não da mesma forma. Em vez de pensar em fazer mais, vou começar a cortar.
A limpeza de verão também é um fenómeno recorrente, mas desta vez a limpeza não vai ser só fisica, mas também mental.
Quando olho para a minha caixa de correio, vejo demasiados assuntos a tratar. Vejo muitas newsletters interessantes, mas que acabo por não ler a tempo e horas. Abro a minha conta do Udemy e vejo muitos cursos para fazer, mas nenhum que se adeque à minha área e aos meus objetivos profissionais. Abro as apps do telemóvel com tanta coisa que não utilizo ou notas que não vou pensar mais no assunto.
De facto, de tempos a tempos, há que saber cortar, mesmo quando se tem sede de conhecimento.
Porque com o passar dos anos, noto que o conhecimento que temos é cada vez mais segmentado. Acredito que a melhor forma de viver é estarmos em constante aprendizagem e sairmos da zona de conforto. Se eu trabalho na área da comunicação, devo aprender coisas na área da nutrição, IT ou Psicologia. Acredito mesmo que o conhecimento de diversas áreas torna a nossa mente mais rica, o nosso pensamento mais criativo e a nossa imaginação ainda maior.
Contudo, noto que sofro de burnout de informação.
Há tantos temas que quero saber, mas não os posso saber a fundo. Muita coisa que pode ser interessante, mas que não preciso de saber por saber. Ou até ferramentas que outros usam e que eu poderia usar, mas simplesmente não é uma prioridade.
Vivemos numa era de muita informação, mas pouco conhecimento. O conhecimento não vem apenas de receber informação, mas sim de analisar, seleccionar, pensar, reflectir. Podemos saber informações aqui e ali e tal não quer dizer que tenhamos conhecimento.
Qualquer informação pode ser útil para pensarmos melhor sobre a diversidade que temos no mundo. No entanto, começo a pensar que temos demasiados estímulos. Colocam-nos no mundo que puxa pela nossa atenção em todas as direções e à medida que crescemos há que dominar a arte do «não».
Não deves desligar do mundo ou estar aberto a outras maneiras de viver a vida. Mas há que saber seleccionar aquilo que deves perseguir.
Há que saber cortar e seleccionar apenas o que nos faz. Por uma questão de felicidade mesmo.
Como disse antes, é possível ter tudo, só que não ao mesmo tempo. Se queres praticar um desporto, pratica-o para seres bom nele ou simplesmente para esvaziares a mente. Dedica a tua vida a vários interesses, mas com diferentes intensidades.
Assim, percebo que posso continuar a saber um pouco de tudo, sem obrigação de ser o supra sumo de todos os temas. Ninguém pede para ser uma máquina em todos os assuntos, apenas coloco a minha personalidade naquilo que gosto.
Desta forma, com a chegada do verão, é importante tirar algum tempo para cortar os estímulos para ir de férias descansada e voltar de férias com total foco em assuntos que me interessam.
Quando te focas em apenas alguns temas de forma intensiva, o crescimento e a aprendizagem são melhores. Se apenas seguires as contas de que gostas, vais eliminar a negatividade. Interessa-te pelos temas que realmente trabalhas, vais aprender mais e evoluir profissionalmente. Contacta com diferentes pessoas, mas com alguns temas chave, vais também apreender outras realidades.
No fundo, ser feliz não é saber todos os caminhos possíveis, é escolher aquele que funciona para ti. E se deixar de funcionar adapta-se, porque isto não há fórmulas mágicas.