Existem várias teorias de que competências devemos desenvolver. Assim, olhei para os melhores profissionais e percebi de que forma faziam a diferença.
Quando se fala em carreira é inevitável falar de percursos profissionais e claro de competências. E podemos falar de competências mais técnicas, mas também das chamadas soft skills. Estas têm sido cada vez mais faladas pois são enquadradas como skills do futuro, em que os profissionais estão ativamente à procura de boas oportunidades de emprego e sentem que é ao investir em si mesmos que conseguem ser mais apetecíveis para potenciais recrutadores.
Existem competências que já falei que são realmente importantes, como ter pensamento crítico, ter adaptabilidade ou resiliência, para ultrapassar os desafios profissionais e pessoais.
Ao continuar o meu estudo de competências, notei que existem três que os melhores profissionais são muito bons.
Em vez de olhar para um contexto global ou para aquilo que as empresas precisam dos seus profissionais, pensei num ambiente mais individual. Ao olhar para o meu dia-a-dia ou para de outras pessoas pensei: o que é que fazem de diferente? Qual é a mais-valia que os melhores profissionais trazem, para além das suas competências de liderança ou de gestão? O que realmente deves desenvolver mentalmente para te posicionares como um bom profissional?
Apenas a pensar no tema, cheguei a algumas ideias que claramente não são conclusões. São pontos de partida que também podem ser aplicados à vida pessoal.
Os melhores profissionais são muito bons a identificar problema
As empresas vivem para gerar lucro e serem sustentáveis. E o seu dia-a-dia mostra que independentemente de se trabalhar nas operações ou no departamento financeiro, todos os colaboradores tentam resolver problemas consistentemente. O mundo não é perfeito e os problemas acontecem, por isso fazer uma carreira durante 30 anos é encontrar inconsistências e resolvê-los para viver um novo dia com mais desafios.
Mas o principal desafio é saber identificar problemas. Na vida pessoal, há separações, discussões e desentendimentos que muitas vezes não sabemos o que as causou. Há relações que terminam com dor e mágoa sem percebermos bem qual era o problema da mesma. Identificar um ou vários problemas pode ser um desafio que muitos não conseguem no seu desenvolvimento pessoal, o que faz com que vivam anos e anos a controlar sintomas sem saber identificar as causas da doença.
O mesmo se passa na vida profissional. Se temos um problema que ocorre de forma sistémica e com novos formatos, quer dizer que as nossas soluções não estão de facto a atacar a raiz do problema. Apenas estamos a remendar por umas semanas, até o problema continuar a existir.
Os melhores profissionais sabem identificar problemas. É necessário um exercício mental de fazer muitas perguntas e considerar múltiplas variáveis. Conseguem juntar as peças e perceber onde está o bloqueio, tal como um mecânico investiga para saber qual é aquela pequena peça que está a causar a fuga de óleo do carro. O que não é aparente ao olho e pode levar a conclusões precipitadas para bons profissionais é um detalhe que deve ser tido em conta e que se deve explorar mais.
Assim, uma das competências a desenvolver pode ser não ficar satisfeito com as primeiras explicações e parar. Pensar mais a fundo o problema e procurar pela peça que falta. Demora mais tempo, gastamos mais recursos e podemos pensar numa solução.
Ler mais: a Harvard Business Review abordou esta temática num artigo da sua revista.
Depois de identificar o problema, deve-se pensar na melhor solução para o presente
Na correria do dia-a-dia deparamo-nos com vários problemas o tempo não estica. É por isso comum as equipas caírem na “solução penso rápido”: encontram uma solução que dura um dia, mas que pode levantar outros problemas no futuro. O que apenas vai ser acumulado com novos questões que apareçam no caminho.
Os melhores profissionais ao identificarem bem o problema percebem onde podem atuar. Por isso, pensam: “qual a melhor solução que tenho ao dia de hoje para resolver este problema?”. Não é encontrar uma solução a despachar para dizer que tratamos de mais um assunto. É encontrar uma solução que resolva de facto, pensando também que novos problemas podem ser levantados pela solução. No fundo é um exercício coletivo em que se pensa: “e se fizer A? Pois vai acontecer B. E se fizermos C, levanta-se a questão D, que pode ser gerida com a solução E”.
Preparar cenários futuros é uma boa forma de avaliar qual a melhor solução no momento ou qual aquela que a empresa escolhe estrategicamente para concertar o problema. Tal pode ser aplicado tanto a problemas mais simples como a problemas mais complexos, que requerem várias soluções que não podem ser aplicadas ao mesmo tempo. O espírito a manter é dentro de um growth mindset, que nos inspira a procurar sempre uma melhor maneira de fazer as coisas.
Por fim, deves aprender a apresentar uma boa solução
Esta competência dos melhores profissionais está mais virada para a comunicação. A minha experiência em vendas ensinou-me que não estamos sozinhos no mundo e por isso passamos o dia a persuadir outros a aderir às nossas ideias. No contexto profissional, tal não é excepção.
Podemos ser bons a identificar o problema e sabemos qual é a solução. Mas em muitos contextos, o principal desafio é adoptar a ideia que achamos ser a melhor. Daí as técnicas de vendas (e também de negociação) serem essenciais para qualquer profissional.
Saber vender a melhor solução é mostrar que percebemos os prós e contras da mesma, o investimento que a empresa tem de fazer, o tempo de formação e aprendizagem das equipas com a nova solução. Saber apresentar uma solução torna-nos owners de determinado assunto e outros podem-nos ver como especialistas na área. Assim, quando surgirem novos problemas, podem recorrer à nossa opinião.
Para teu benefício, seres especialista num tema porque soubeste apresentar uma boa solução aumenta a tua auto-confiança e contribui para a tua curva de aprendizagem. Se já lidaste com desafios semelhantes e as tuas soluções eram francamente boas, estás mais bem preparado para novos cenários e lidar com o desconhecido.
Como trabalhar estas competências?
Aprender a identificar problemas é algo que se pode fazer com experiência, leituras estratégicas e prática. Estar num departamento criativo ou de criação de projetos pode-te colocar num ambiente em que tenhas de treinar estas competências. Outras leituras sobre estratégia e praticar através de cursos como o Entreprise Design Thinking da IBM podem ser bons pontos de partida para entenderes melhor o que é um problema, como identificá-lo, como pensar na melhor solução e como apresentá-la de forma eficaz.