Todos já ouvimos falar da Grande Oportunidade. Aquela experiência em que a nossa vida muda radicalmente. Momentos em que há uma mistura de oportunidade com preparação. O dia certo, à hora certa, com a pessoa certa. Se fosse um minuto antes ou noutra cidade, já não aconteceria.
Um pequeno pormenor que nos faz ver as coisas de outra maneira. O clique que nos acorda para uma nova realidade. Uma experiência que nos desperta para uma nova forma de encarar a vida.
Um momento que marca a nossa vivência com um antes e depois desses momentos.
Muitos de nós já tiveram esse momento: o nascimento de um filho, um acidente, uma pessoa que conheceram.
Essa experiência condicionou-os e fez-lhe mudar de perspectiva, como se dentro da sua cabeça tivesse dado “um clique ” que despertou a consciência para uma vida maior e melhor.
Quando entrei para o mercado de trabalho em crise, andava à procura de experiência mas sempre pensei que tinha de encontrar “aquela” oportunidade. “Aquela” empresa que me ia colocar no topo, “aquele” cargo que iria despertar as melhores capacidades em mim, “aquele” contacto que me vai abrir portas para o mundo.
Contudo, essa experiência não aconteceu – e nem vai acontecer.
Porque não é uma só decisão que vai alterar a nossa vida.
Aliás, uma pequena decisão, um sim na hora certa, pode de facto alterar a direcção do nosso caminho. Mas não acredito que será aquela megalómana experiência de que estamos à espera. Aquele momento arrebatador só fará sentido se continuarmos a investir nessa decisão, pois de nada nos vale começar um caminho se não o vamos continuar.
Não há um só caminho para o pote de ouro no final do arco-íris, não há apenas uma única porta que nos levará ao céu, não há apenas uma única oportundade na vida para fazer o bem. Porque se houvesse apenas uma única oportunidade para sermos felizes o que aconteceria se a falhassemos? Falhamos no princípio e depois não havia hipótese de nos recompormos?
Há vários caminhos, várias hipóteses, várias experiências que uns a seguir ao outros nos preparam para a vida que queremos ter.
A vida não é uma só má decisão mas sim uma série de decisões. Uma má decisão pode ser mudada com novos bons hábitos. Não é uma boa oportunidade que nos vai fazer felizes – tal como uma má oportunidade não nos vai arruinar a felicidade.
Tal como li no artigo de Jeff Goins, no Medium, não é uma única oportunidade que vai-nos levar ao sucesso profissional e pessoal. Não é uma decisão de vida ou de morte que poderá encaminhar-nos na direcção certa. Essa decisão tem de ser tomada todos os dias.
Um pequeno fã quis conhecer um famoso actor Walter Matthau, recipiente de um Óscar. Quando o conheceu disse-lhe “Sr. Matthau, estou apenas à espera da minha Grande Oportunidade”. Walter ri-se e diz-lhe:
“Rapaz, não é uma grande oportunidade. São cinquenta grandes oportunidades”.
Um só esforço não traz sucesso. É o contínuo esforço que nos leva onde queremos chegar. Se errarmos um passo, podemos sempre emendá-lo mais à frente. Nada é definitivo, não é único. Tudo se consegue com consistência e persistência!